sábado, 14 de fevereiro de 2009

África como ensinar?

Entende-se que as urgências no cumprimento da Lei 11645/08 onde se obriga o ensino dos conteúdos históricos africanos no ensino fundamental e médio é a legitimação do erro das metodologias aplicadas no ambiente educacional quando o assunto de objeto do estudo é a África. Quando a temática é voltada aos estudos dos povos negros, a idéia que perpassa é que a África se restringe as guerras, doenças e savana, ou que a África foi descoberta após a obrigatoriedade da Lei 11645/08.
A proposta é que a pesquisa metodológica desconstrua tais práticas pedagógicas e implemente na estrutura curricular das unidades escolares o ensino dos conteúdos africanos de forma verdadeira, os fatos históricos tratados com merecido respeito.
Com base em Wedderbum(2005) nos escritos “Novas Bases para o Ensino da História da África no Brasil” aborda a formação do professor visando a implementação dos conteúdos de forma adequada nas escolas e assim romper com vários obstáculos que a própria pesquisa apresentou e apresenta até os dias atuais.
Desconstruir estereótipos fundamentados por intelectuais faz com a metodologia fique cansativa, por que foram longos anos de história tradicional que mutilou de todas as formas a imagem do negro no ocidente.
Encontra-se dificuldade em apresentar a África como berço da humanidade se o pesquisador não tiver munição para tal afirmação, por que sempre é dito “agora tudo é África”, “tudo vem da África” expressões ditas e ouvidas no ambiente acadêmico para surpresas de muitos.
Como romper com os obstáculos e buscar possibilidades de ensinar os conteúdos africanos de forma coesa e reflexiva? É entendendo o processo de fragmentação que o continente africano passou a roedura de uma nação, o olhar ocidental ditando as formas de conduzir a relação colonizado/colonizador, o negro visto como objeto vítima limitado fundamentando pesquisas de intelectuais como Nina Rodrigues, ou seja, alimentando a linha evolucionista-etnocêntrica.
Enfim muitos obstáculos surgem na construção da pesquisa do continente africano, cabe ao professor ser fiel nas suas construções, que aborda o negro mostrando sua diversidade seja no campo tecnológico, educacional, cultural e humano, não cabe ao educador transcrever idéias que alimentem o processo de negação, espera-se do professor que também é pesquisador respostas, ações, movimentação dentro do universo educacional, que resgate aquilo que foi escondido, neutralizado é o professor/pesquisador fazendo parte do processo histórico, não sendo um simples narrador,e sim um agente transformador, transformador no sentido do respeito ao outro,compreender e romper com paradigmas que impedem a evolução do ensino de um continente antigo com suas riquezas, símbolos, valores e fatos históricos que contribuem de forma intensa na (re)construção da identidade da sociedade num todo.


Referências
WEDDERBURN, Carlos Moore. Novas bases para o ensino de História da África no Brasil. Salvador, 2005