domingo, 14 de setembro de 2008

O poder sólido da moral em Nietzsche

Além do Bem e do Mal (tradução de Paulo César de Souza). São Paulo:Companhia das Letras, 2ª ed. 2002.

Dividido em aforismos – Além do Bem e do Mal – é a obra em que Nietzsche passeia por vários capítulos da história humana: no campo da cultura, da psicologia da religião, da moral, sexualidade, povos, países e personagens históricos.
É um Nietzsche dono de uma irreverência diante do moralmente estabelecido.
E assim cita Nietzsche:
“Toda a psicologia, até o momento tem estado presa a preconceito e temores morais: não ousou descer às profundezas compreendê-las como morfologia e teoria da evolução da vontade de poder, tal como força...um sintoma que foi até aqui silenciado”(pg 29) .
O pensador propõe uma análise histórica de como os valores morais surgiram no tempo, em que momento ocorreu e faz um alerta para os homens responsáveis pelos valores que passe a compreender o sentido do conceito “moral” o que significa bom e mau quando utilizados e lança uma crítica a psicologia por permanecer presa na busca da origem do valor e em saber qual o valor desses valores, pois a vida como critério de valor não pode ser avaliado por um vivente.
Voltando para Nietzsche:
“Tão logo se ocuparam da moral como ciências, os filósofos todos exigiam de si, com uma seriedade tesa, de fazer rir, algo muito mais elevado mais pretensioso, mais solene: eles desejaram a fundamentação da moral”(pg 85).
A citação nietszcheana é uma crítica aos filósofos que se empenharam em extensos estudos para a fundamentação de uma moral que tinha como padrão os conceitos e valores da Alemanha e França do século XIX. Partindo desta imposição social os ditos intelectuais voltaram para as teorias e conceitos da moral, como se estivessem em um palco representando uma personagem cujo nome seria “Etiquetas e bons costumes” para Nietzsche não houve também um debruço dos filósofos da moral para com as diferenças de classes “...de sua igreja, do espírito de sua época, de seu clima e seu lugar”(pg 86). Os homens sábios não tiveram a sensibilidade de distinguir entre as diferentes morais que mudavam de acordo com o clima, religião, tempo e lugar, pois são fatores que contribuem para a diferenciação dos conceitos e atitudes morais, respectivamente se muda o clima, mudam vestimentas, da mesma forma as religiões com seus dogmas para com os indivíduos, ou seja, os senhores proprietários da moral segundo o pensador, desprezaram e desrespeitaram os indivíduos tornando-os invisíveis e distantes do contexto histórico de seu Estado, por que para eles a verdadeira moral estava no adestramento do sujeito impedindo sua evolução.
Nietzsche é de uma total insubmissão diante dos valores tradicionais da cultura ocidental. Uma vontade permanente de mudança. Um anseio de liberdade recorrente. Para compreendê-lo em Além do bem do mal se faz necessário purificá-lo de todos os desvios posteriores que foram cometidos em seu nome, por que é através dos seus aforismos que ele expõe sua posição na historia, o de não aceitar que a moral e a arte fossem reduzidos a medíocres estudos feitos pelos homens e que em lugar do falso discurso judaico cristão fosse inserido uma cultura livre.
Partindo da leitura nietszcheana os donos da ciência da moral se encontravam presos em seus ambientes, mal informados, poucos curiosos aos hábitos do povo e não valorizavam a gnosiologia da moral, pois para Nietzsche a “moral” tem um poder sólido comparando aos seres orgânicos ela nasce, cresce e morre. E o ataque é para com aqueles que buscavam fundamentar algo sem voltar para as necessidades a qual era liberar o homem desta tradição, anunciando uma nova era, uma nova forma de pensar e agir através da transmutação dos valores.
Além do bem e do mal resultou em uma obra de coragem em que o autor ao remar contra maré presenteou uma contemporaneidade da discussão da decadência e da crise da cultura ocidental da nossa época.

4 comentários:

Rose França disse...

Até quarta posto minhas "reflexões", é que na verdade estava testando p confirmar se estava td ok, então agora que já está mãos à obra. Bjos !!!

Mulheres Vencedoras disse...

A filosofia de Nietzsche exige coragem, prudência e sutileza em todos os aspectos para poder olhar a realidade das alturas e então, compreender o que está abaixo para ordenar os acontecimentos e retingi-los em seus aspectos inteligíveis. O filosofo sabe, que há verdade nos pontos interrogativos, quanto nos exclamativos. O pensamento de Nietzsche é orientado pela paixão de procurar as raízes da existência através de uma critica constante na busca da verdade autentica. O educador precisa se sustentar pela busca dessa verdade que se manifesta no fazer pedagógico, desde que dê prioridade as interrogações, aos questionamentos na relação da teoria-ação-reflexão com o educando, evitando desse modo, criar verdades prontas a ser imposta ao educando.
A educação inspirada o pensamento de Nietzsche, teria como temática fundamental, despertar o educando para assumir a tarefa de transformar sua existência sem significado, em uma verdadeira existência, sendo ele mesmo um ser significativo, de, com significado para significação. Deixar de ser o SER oculto, O SER oprimido.
No seu pensamento sobre a moral Nietzsch realiza uma brilhante análise a respeito do despertar do educando. Para ele o fazer pedagógico é difícil, espinhoso, requerendo por parte do educador, uma penetração psicológica para logre êxito, o educador deve começar respeitando todo o potencial do educando, reconhecendo ele como capaz de entrar em ação, a espera da parceria, do fazer junto a construção do conhecimento, educando e educador.

Anônimo disse...

Gostei do titulo Muhleres Vencedoras e concordo no que diz respeitoa Noenil e aproveito para postar algo sobre uma professora do Colégio Luiz Viana que faz um trabalho pouco divulgado na própria escola e de muita impórtancia para os alunos deficientes auditivos imclusos no ensino regular.A colega trabalha auxiliando esses alunos nas tarefas escolares como também os professores na comunicação com os alunos DA( com perda severa, média e leve).O atendimento é feito na sala de apoio pedagógico ao surdo em diferentes horários.São em média quinze alunos distribuidos em tres turnos. Mesmo com muitas dificuldades assim como nossa colega Noe ela segue com seu trabalho de apoiofazendo o melhor.
a surdez é um defeito significativamente menor que a cegueira do ponto de vista biológico, ainda assim significativo e requer atenção e acompanhamento, segundo estudos realizados da surdopedagogia.Para Vigostsky, toda etapa do crítica do desenvolvimento humano tem que necessariamente, passar pelo processo das relações sociais humanas.

Anônimo disse...

Deni , o comentário do anônimo não é anônimo foi escrito por mim Vanja, na hora de postar atrapalhei-me e foi de tforma errada.