quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Uma grande maratona para uma educação de qualidade

Neste universo denominado “Habitat Educacional, refletir sobre a Srª Educação é algo gigante, poderei fazer algumas colocações baseado nas vivências e leituras.
Parece-me que está existindo uma grande maratona para uma educação de qualidade, onde estão sendo revisados livros pedagógicos, participação da sociedade e a busca por parte dos profissionais do ofício em qualificação para não ficarem fora da perspectiva dos grandes homens do poder que clama aos quatros ventos que é o PDE Programa de Desenvolvimento Educacional que salvará a Srª Educação da sua mortificação.
Uma educação básica de qualidade. Essa é a prioridade do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE). Investir na educação básica significa investir na educação profissional e na educação superior porque elas estão ligadas, direta ou indiretamente. Significa também envolver todos — pais, alunos, professores e gestores, em iniciativas que busquem o sucesso e a permanência do aluno na escola (Brasil, 17 setembro 2008 http://portal.mec.gov.br/).
Mas será realmente que tudo isso se faz necessário?
Tanto o Nietzsche como Paulo Freire expressa uma preocupação pelos valores apregoados pela educação. Para Nietzsche em Humano Demasiado Humano “os valores são criados pelo homem”, sendo então competência da educação educar para a criação de valores, pois neste caso o ponto de partida para a formação do homem é a compreensão de que ele é um criador de valores.
Os conhecimentos assimilados durante o processo de leituras de tais pensadores possibilitaram reviver e reestruturar as bases educacionais e filosóficas dentro de uma análise crítica e reflexiva, que tem como objetivo gerar uma reflexão crítica das propostas educacionais, viabilizando um conhecimento humanístico e social, visto que tais prerrogativas encontram nestes pensadores vozes atuais nos debates “educacional/filosófico”.
A reflexão Filosofia sobre a educação como atividade docente proporciona a importância da formulação de juízos sobre a realidade no processo do conhecimento. A reflexão cria uma ponte entre o pensamento comum e o pensamento crítico, fazendo com que o educando aprenda avaliar em vez de preferir, classificar em vez de agrupar, inferir logicamente em vez de simplesmente fazer inferências e associar conceitos compreendendo seus princípios.
Nietzche critica a educação ministrada nas instituições de ensino de seu tempo, acusando-as de "apequenarem" o homem ao formá-lo apenas para servir aos interesses do Estado, da ciência e do mercado.
"Sobre educação. Paulatinamente esclareceu-se, para mim, a mais comum deficiência de nosso tipo de formação e educação: ninguém aprende, ninguém aspira ninguém ensina – a suportar a solidão" (Nietzche, Aurora).
Para Paulo Freire “Ensinar exige respeito à autonomia do ser educando”.
"O professor que desrespeita a curiosidade do educando, o seu gosto estético, a sua inquietude, a sua linguagem, mais precisamente, a sua sintaxe e a sua prosódia; o professor que ironiza o aluno, que o minimiza, que manda que “ele se ponha em seu lugar” ao mais tênue sinal de sua rebeldia legitima, tanto quanto o professor que se exime do cumprimento de seu dever de propor limites à liberdade do aluno, que se furta do dever de ensinar, de estar respeitosamente presente à experiência formadora do educando, transgride os princípios fundamentalmente éticos de nossa existência" (Paulo Freire, Pedagogia da Autonomia).
Ainda na ordem das reflexões, Nietzsche propõe uma educação baseada no modelo dos grandes mestres, que com sua grandeza e genialidade fariam com que toda sociedade se elevasse culturalmente. O pensador propõe a idéia de um modelo de educador ao qual o jovem estudante poderá tomar como exemplo para si, como a melhor forma de encontrar a si próprio.
"Precisam de educadores que sejam eles próprios educados, espíritos superiores, nobres, provados pela palavra e pelo silencio, de cultura maduras, tornadas doces – não os doutos grosseirões que ginásio e universidade hoje oferecem aos jovens como ‘amas-de-leite’ superiores" (Nietzche, Crepúsculo dos Ídolos).
Voltamos ao PDE:
O que é o Plano de Desenvolvimento da Educação?
"Investir na educação básica significa investir na educação profissional e na educação superior porque elas estão ligadas, direta ou indiretamente. Significa também envolver todos - pais, alunos, professores e gestores, em iniciativas que busquem o sucesso e a permanência do aluno na escola. Uma educação básica de qualidade que vai dar bons frutos no futuro - Essa é a prioridade do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE)" (Brasil, 17 setembro 2008 http://portal.mec.gov.br/).
Como síntese o universo educacional será abastecido com propostas e medidas apresentadas pelo governo federal que segundo os mentores é para beneficiar o educando buscando atingir a qualidade desejável para a educação brasileira
Mas será realmente que tudo isso se faz necessário?

Referências Bibliográficas:

_____________ Genealogia da Moral (tradução de Paulo César de Souza). São Paulo:
Companhia das Letras, 1999.
_____________Humano Demasiado Humano (tradução de Paulo Cezar de Souza). São
Paulo: Companhia das Letras, 2000.
FREIRE, P. (1982) Ação cultural para a liberdade e outros escritos. Rio de Janeiro: Paz e Terra (6ª edição), pp. 09-12.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
Revista Educação. Nietzsche Pensa a Educação: edição nº02. São Paulo: Editora Segmento, 2007.
http://portal.mec.gov.br 17 de setembro de 2008

5 comentários:

Unknown disse...

Quem vai vencer esta "grande maratona"?
Excelente abordagem será que as normas estabelecidas pela PDE realmente se faz aplicável e útil? Porque não desburocratizar a informação e o acesso a ela?

Unknown disse...

Vejo que o seu Blog é de uma Educadora de verdade!
Preocupação teórica e profundidade.

Muito bom!

A propósito, estou trabalhando agora na TV Anísio teixeira, que deve ir ao ar no início do ano que vem.

Vamos trocar idéias.

Abraços!!!!!!!

Anônimo disse...

Estou na maratona também nobre colega, em busca de uma educação que comporte alguns dos nossos conhecimentose que sejam realmente aplicavéis.Uma vez que teoricamente estamos nos munindo de ferramnetas, entretanto esbarramos ainda com a realidade, é aí que entramos na corrida maratonista de equalisar os pensamentos, reflexões e ações transformadors.
Ps.Peça as colegas que façam o mesmo que vc fez, para que eu possa postar, pois Noe, Rose,e outrs ainda continuam bloqueando o meu acesso.
Abraços fraternos!

Anônimo disse...

Oi Deni, acredito que todos nós educadores, estamos nessa maratona em busca de uma educação melhor e perfeita para todos.
Obs: Menina mais que filósofa você é.
Beijos

Hilton disse...

iO debate sobre a educação se insere em um debate maior que se desenvolve, me parece, no interior do iluminismo Europeu. Nossas preocupações com a educação foram herdadas da tradição liberal Európeia e como tais, trazem consigo os mesmos vicios e virtudes. Seria pedante da minha parte trazer a tona todas as minuncias desse debate cujas principais nuances podem ser dectadas em pensadores como Nietzsche, Paulo Freire, Dewey ou Mesmo Richard Rorty. Consiste a preocupação com a educação uma das facetas mais complexas da cultura liberal por dois motivos:
1- Nessa preocupação instalou-se o anseio cristão por "melhorar os Homens"
2- Na educação também reside o anseio por tornar os Homens capazes de decidir "livremente" seus destinos.

A respeito do primeiro tópico não é preciso dizer que o anseio por melhorar o mundo, conquanto antigo, já justificou coisas que não o melhoraram em absoluto (e ademais, como diria Espinoza, "O que é certo de um lado dos Pirineus é errado do outro")ou seja não possuimos fundamentos que justifiquem colocar a educação "acima"(em sentido moral) de outros procedimentos de treinamento social.
Com relação ao segundo tópico, não parece contraditória a sentença "ensinar a ser livre"? uma vez que a liberdade seria algo pessoal e em primeira pessoa? ou então a liberdade não é a liberdade do individuo concreto e sim do indivduo idealizado e "purificado" das impurezas de sua alienação? A libertação das cadeias do dêmonio, diria mais sinceramente um pastor.

NA verdade os tópicos que levantei a guiza de critica a idealização da educação perpetrada pelo marxismo ( e pelo cristianimo também) não pretendem desqualificar a educação, mas apenas inseri-la entre as outras atividades humanas, para caracteriza-la, finalmente, como um campo de indeterminação e incerteza no qual todas as possibilidades e ferramentas de uma cultura poderiam ser jogadas, mas, como em todo jogo, sem certeza alguma de êxito.